
Foto: Charles Guerra (Diário)
Menos empregos em Santa Maria no primeiro semestre
A concorrência com a internet e a burocracia são apontadas, por lideranças empresariais, como alguns dos motivos que levaram Santa Maria a ter uma geração de empregos com carteira assinada de só 210 novos postos no 1º semestre. O resultado é 52% menor que no mesmo período de 2017, quando foram criadas 438 vagas, segundo o Ministério do Trabalho.
O SALDO DE VAGAS NA CIDADE
| Junho/17 | Junho/18 | 2017* | 2018* | |
| Indústria | -34 | 37 | 188 | 76 |
| Construção civil | -4 | -28 | 92 | -10 |
| Comércio | -53 | 70 | 132 | -267 |
| Serviços | -9 | 94 | -30 | 424 |
| Agropecuária | -5 | -11 | 20 | 11 |
| Total | -103 | 169 | 438 | 210 |
*Acumulado de janeiro a junho
O comércio foi o setor que mais cortou empregos, com saldo de -267 vagas no semestre passado (esse é o resultado do total de 4.066 contratações menos 4.333 demissões de janeiro a junho).
O presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Santa Maria (Cacism), Rodrigo Décimo, avalia que, no final de 2017, havia otimismo pela retomada da economia e da geração de empregos, mas acabou ocorrendo frustração neste ano devido a vários fatores, e a economia não cresceu tanto.
- A modernização trabalhista que ocorreu em novembro foi positiva, mas ainda há muitas coisas que tumultuaram a economia. Destaco a burocracia, pois, além da carga tributária, tem a carga burocrática, que também é pesada. Santa Maria deu passo importante com o Poupa Tempo, é um projeto positivo e que pode ajudar a gerar empresas e empregos. Dá outro ânimo - diz Décimo, que avalia que o crescimento da economia e dos empregos será lento daqui para a frente, devido às incertezas em relação às eleições.
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A presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Marli Rigo, diz que o índice negativo mostra a realidade. Além de mencionar a burocracia e a carga tributária, Marli avalia que o aumento de vendas por lojas virtuais também reflete no mercado de estabelecimentos físicos e na geração de empregos:
- Vivemos a concorrência virtual. Enquanto, por um lado, a tecnologia vem para ser auxílio, por outro ela atrapalha um pouco.
E os proprietários de estabelecimentos comerciais sentem o peso da concorrência virtual. Segundo uma das donas da loja de vestuário Bella Luna, Ana Suzel, 61 anos, com as lojas online, as pessoas não precisam ir até um lugar para fazer as compras e ainda recebem o produto na porta de casa. Ela conta que é difícil lutar contra a comodidade das vendas pelo meio virtual.
Ana conta que o negócio que ela toca é familiar, então são parentes que trabalham na loja. Ela diz que há apenas uma funcionária contratada e que se as coisas estivessem melhor teria mais uma funcionária.
POUCO MOVIMENTO
No Centro, a gerente da loja de vestuário Dullius, Priscila Amaral, 33 anos, conta que é perceptível a queda nas vendas, mas ressalta que a rede de lojas não fez cortes de funcionários. Contudo, ela conta que o dia mais fraco de vendas é aos sábados, e ela liga esse fato ao Shopping Praça Nova, inaugurado em setembro.
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- Muitas famílias agora, quando saem para passear no final de semana, vão lá, não vêm mais para o Centro. Notamos essa diferença depois que o Praça Nova abriu - diz Priscila.
BUSCA INCANSÁVEL
Mesmo que o comércio seja a área que menos tenha gerado menos empregos novos de carteira assinada, a procura por emprego é grande em todos os setores. Na tarde de ontem, Moacir Aguiar de Brito, 56 anos, olhava o mural de vagas no Sine. Ele conta que está há seis meses desempregado e busca algo como pedreiro, carpinteiro ou porteiro.
Já Lucas Cabreiro, 29 anos, diz que tem experiência em vários setores e, depois de também seis meses sem emprego, aceita qualquer vaga.